terça-feira, 22 de abril de 2008

Voltando do buraco

Já com as unhas repletas de barro e com o cheiro úmido e escuro lá de baixo, vemos o fim do buraco (ou o seu começo, nunca se sabe ao certo se o buraco iniciou-se no chão ou se foi o contrário). Enfim, olhamos de novo a luz forte de um dia amarelo. Muito amarelo. Tão amarelo que nosso primeiro ímpeto é voltar e enfiar a cabeça no buraco, novamente.
Mas já não há coelhos brancos. Nem gatos sorridentes ou chapeleiros que servem chá. Todos eles se dissolveram no amarelado do dia. Não há como voltar ao País das Maravilhas. Uma vez que você deu as costas para ele, ele se dissolve para seus olhos.Perdido para sempre em buracos não mais divertidos como dantes.
Então percebemos que o buraco se foi. E que ao mesmo tempo ele acabou de começar.
Afinal, o chão pode bem ser o ponto onde o buraco se torna um problema....

Dama de Copas

sexta-feira, 17 de agosto de 2007

Quando a Intuição está Enguiçada...

Quando precisamos de um raro coringa, ele nunca aparece. Se não precisamos, descartamos. Eles sobram na nossa visão.
Saber quando comprar cartas, descartá-las, sair à francesa, debandar, colocar preto no branco (não, isso é xadrez) e sem expectativa, pois isso sempre impede o inesperado. Enfim...Intuir o destino, se é que na vida existe a canastra perfeita! Ou, será que mal conseguiremos concluir uma estúpida canastra suja, tão suja que nem o naipe é o mesmo?
Saber, fazer o quê.
Perseguir o coelho.
E aprender a jogar.

quinta-feira, 16 de agosto de 2007

Quando da mesa é o chapeleiro que cuida

Então existe aquela fase em que você não tem mais um dia de aniversário, mas todo o resto do calendário repleto de dias de desaniversários.
Desaniversários todo dia.
Como quando o seu adversário da esquerda descarta um dois. (Considerando o rodar não-horário desses dias, que não poderiam seguir o passar normal dos ponteiros)
Um dia de desaniversário é assim: Tudo o que um dois podia fazer na mão daquele que tem a sorte de possuí-lo, é descartado como sobra. Mas para você- reles mortal somente com cartas ímpares- aquele dois é só... um dois. O que você vai fazer com ele? Um jogo dois-três-quatro?
Um desaniversário é assim: quando o mundo te dá tudo aquilo que não serve pra nada. Só serve pro outro. Aquele mesmo que não o quis.
Então existe essa fase... dias de desaniversários atravessados de dois descartados.
Uma semana de desaniversários. Um mês. Dois meses. Dois meses e uma semana: essa é mais ou menos a minha conta.
O chapeleiro me pergunta pra onde vou. Eu vou onde estiver o coelho branco. Ele me pergunta onde ele está. Eu não sei. Não sei. O que sei é que hoje, como ontem e amanhã, é o meu desaniversário. Talvez desaniversário de milhões.

Os dias estão lambuzados de não-aniversários. Têm sido o avesso de bolos com glacê. O inverso de bexigas coloridas. O contrário de crianças correndo. A antítese de presentes com laços que a gente só vê em desenhos animados. Porque ninguém embrulha presentes com laços de fita. Quem é que tem, hoje, algum laço de fita em casa?
Desaniversários, é o que digo. Desaniversários.

Estamos tomando chá com o chapeleiro e o pote de açúcar tem sido a ilha de prazer desse mundo sem lógica. Comemorando o meu desaniversário! Afinal, o que mais fazer senão olhar para o meu reflexo no bule bem polido, pensar o quão eu e o resto da vida somos patéticos, rir disso e beber em consideração à minha bagunça?

Um brinde ao caos.

Joker 3, vivendo o oito de espadas.

quinta-feira, 9 de agosto de 2007

A dama de copas

Jogadas e jogadas. Esternas rodadas que nunca a trazem. Dama de copas, dama de copas, dama de copas...
Tua imagem ainda tão colada à minha retina que quando se fecham meus olhos pareço ter, ao invés de pálpebras, dois longos cartazaes com teu rosto sorridente estampado.
ass. Joker I

Enigmas do Buraco:

Porquê a canastra real é a mais utópica?
Se quem guarda têm, o que seria o risco de uma jogada inconsequênte?
Porquê buraco se cheio, cheio de cartas na mão?
Se estratégico, porquê sequêncial?
O quê fazer com os coringas, possibilidades genéricas que isoladas ajudam e juntas ajudam o adversário?
Se matemático, porquê joguete do destino?
Porque gastar o tempo com ele, filho de longas possibilidades de jogar o tempo fora em um momento fulgaz como os nossos em que tempo é dinheiro?
Será que seus praticantes são dementes o suficiente?
Ou apenas detentores de uma visão de mundo compreendida apenas pelo oito de copas?